Não é só dor no peito; sintomas de infarto são diferentes em homens e mulheres
Responsáveis pela morte de mais de 17,5 milhões de pessoas ao ano em todo o mundo, as doenças cardiovasculares evoluem de formas diferentes em homens e mulheres. Os infartos são exemplo disso: muitos sintomas clássicos descritos pela literatura médica – como a presença de uma dor muito forte no peito, em forma de aperto, que irradia para o braço – nem sempre estão presentes nos ataques cardíacos sofridos pelas mulheres.
“Não se sabe por que, os fatores são desconhecidos, mas realmente as mulheres tendem a apresentar mais sintomas atípicos durante um infarto. A dor no peito continua sendo o principal, mas muitas vezes são percebidas dores nas costas, no estômago e na mandíbula”, explica o médico José Rocha Faria Neto, professor de cardiologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e cardiologista do Hospital Marcelino Champagnat.
Ele ainda adverte que há casos em que não são sentidas dores, mas apenas alguns desconfortos, como falta de ar e cansaço, o que pode fazer com que as mulheres não procurem de imediato um atendimento. Esta negligência, aliás, pode ser fatal em muitos casos de infarto, por isso é importante ficar atenta a estes sintomas atípicos, ressalta Faria Neto .
“As mulheres que apresentarem qualquer um dos fatores de risco clássicos, como colesterol alto, diabetes, tabagismo, hipertensão, obesidade, estresse, em especial após os 55 anos, não devem demorar a procurar um serviço médico de emergência se apresentarem desconforto torácico de qualquer tipo” alerta.
Além de buscar atendimento, outra recomendação feita pelos cardiologistas é que a paciente tenha consciência de que o diagnóstico nem sempre é imediato. “O que muitas pessoas acham é que o médico vai olhar e na hora dizer que é um infarto. Muitas vezes o diagnóstico demanda tempo de observação, que pode levar de 6 a até 24 horas, para verificar se estes sintomas poderão realmente culminar em um infarto”, adverte Everton Dombeck, médico cardiologista do Hospital Cardiológico Costantini.
Maior mortalidade
Segundo Faria Neto, a taxa de mortalidade pós-infarto é maior entre mulheres e homens, mas isso teria conexão com o fato de as mulheres serem mais propensas a terem infartos em idades mais avançadas, comparadas aos homens. “A média de idade entre as mulheres que enfartam é dez anos maior que a dos os homens, pois antes de elas entrarem na menopausa é como se os hormônios as blindassem.
Por isso, quando têm infarto geralmente já estão mais velhas e apresentam outras doenças associadas, o que contribui para maior mortalidade. A propósito, nas mulheres o diabetes é um fator de risco para infarto mais importante do que é para o homem”, finaliza.
Sintomas do infarto comuns em homens e mulheres
Além das dores no peito, outros sintomas que são comuns a ambos os sexos durante um ataque cardíaco:
- Dor ou desconforto em um ou ambos os braços, nas costas, pescoço, mandíbula ou abdome
- Náuseas
- Vômito
- Suor frio
- Tontura e desmaio
Sintomas que são mais frequentes nas mulheres:
- Dificuldade de respirar, com ou sem desconforto no peito
- Enjoos
- Fraqueza ou cansaço inexplicável
- Desconforto no peito
- Arritmia cardíaca